Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

A dimensão industrial da midiatização: investigação do ponto de vista das indústrias culturais 87 te pela análise da característica das indústrias culturais como bens específicos (HUET et al ., 1978) e da natureza político-econô - mica da mídia como bem público (MURDOCK; GOLDING, 1973). O elemento-chave nas características político-econô- micas das indústrias culturais é a imprevisibilidade individual, movida pelo gosto, da demanda e do valor dado de consumo de qualquer bem cultural. Tal caráter imprevisível coloca o proble- ma do preço dos produtos culturais que é essencialmente aci- dental e não depende do custo da produção criativa. Essa parte criativa da produção é considerada não mensurável e, como re- sultado disso, seu custo é puramente artificial. Isso implica um alto risco para as indústrias de produção cultural, que geralmen- te é restringido por meio de remuneração não atrelada a salário dos trabalhadores criativos (de acordo com modelos de royal- ties em grande medida relacionados com o resultado comercial do produto final) (HERSCOVICI, 1994; HUET et al ., 1978). Apesar de alguns princípios gerais, as indústrias cul- turais podem ser diferenciadas entre si porque poderiam se ba- sear em diferentes modelos genéricos de funcionamento e em diferentes tipos de produtos classificados de acordo com a re - produtibilidade, raridade e outros critérios. Geralmente, há dois modelos principais de funcionamento: • modelo editorial, baseado principalmente no pa- gamento direto do consumidor pelo bem cultural que geralmente é materializado e representa um produto específico, seja material (como livro) ou imaterial (como faixa digital, por exemplo); • modelo em fluxo, baseado principalmente no mo - delo em que a produção cultural é financiada não pessoalmente pelo consumidor, mas por uma ter- ceira parte e, essencialmente, pelo anunciante. O bem cultural, neste caso, está incorporado no ser- viço, por isso é geralmente imaterial e significa al - guma continuidade no espaço e no tempo (daqui vem o nome do modelo – com base no fluxo). A partir desses dois modelos genéricos, podemos ver muitas lógicas intermediárias que misturam esses dois modelos

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