Redes, sociedade e pólis: recortes epistemológicos na midiatização

Ilya Kiriya 90 seado no mecanismo da franquia. Em franquias internacional- mente reconhecíveis, como “Chicago”, “Mama Mia”, etc., o princi- pal detentor dos direitos de propriedade especifica e padroniza todos os elementos criativos, tais como a música, a coreografia, as características dos artistas. Essa padronização torna a pró- pria performance teatral reprodutível e cria a fronteira entre o próprio criador (o proprietário da franquia) e o artista consi- derado mais como um distribuidor. Além disso, essa distinção divide o trabalho, alienando o criador em relação ao espetáculo. A divisão do trabalho penetra mais profundamente no setor da pop art , especialmente no campo do humor. Nosso es- tudo sobre esse campo na Rússia, realizado em 2015, com base em dezenas de entrevistas com produtores de televisão, mostra que, na verdade, na sátira e no humor da televisão há uma forte divisão de trabalho entre quem faz as piadas (os roteiristas de programas de humor) e seus apresentadores. Industrializando a educação Diferentemente dos campos anteriores, o setor da edu- cação começou a ser considerado como indústria cultural há poucas dezenas de anos, especialmente por estudiosos franceses da economia política da mídia, como Pierre Moeglin. Em seu li- vro “Indústrias educacionais”, ele estuda formas industrializadas de educação como a publicação de livros didáticos, a informáti- ca pedagógica, o ensino à distância, etc. (MOEGLIN, 2010). Para Moeglin, três grandes processos interconectados acompanham essa industrialização da educação: tecnologização, racionalização e ideologização. O primeiro se refere à rotinização e padroniza- ção dos processos da educação enquanto atividade (lidando com a divisão do trabalho). O segundo trata da organização do traba- lho, da administração, etc. O terceiro diz respeito à ideologia do progresso e da modernização que se torna o motor da mercantili- zação, comercialização, novo gerencialismo e lógica capitalista na educação (MOEGLIN, 2016). O elemento central das semelhanças entre indústrias culturais e indústrias criativas é a preocupação geral sobre os direitos de propriedade. Esse problema, no período das platafor-

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