Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Göran Bolin 110 fazem isso de formas diferentes e em graus diferentes de abertura em relação ao usuário. Naturalmente, a métrica representacional também possui uma função operacional, o que significa que, da perspectiva daqueles que controlam o tráfego na plataforma, há pouca diferença – ambas as formas de métricas podem ser usadas para traçar o perfil do usuário e controlar os anúncios, ofertas, etc. que serão direcionados a ele ou ela, quais resultados de busca aparecerão primeiro (no topo da página), ou com quais amigos ele/ela é encorajado(a) a interagir. Para o usuário, no entanto, somente a métrica representacional aparece como algo imedia- tamente acionável, e embora os usuários produzam a heurís- tica de como o algoritmo funciona (BOLIN; VELKOVA, 2020) e de como privilegiam determinados comportamentos diante de outros, eles apenas fazem isso através de tentativa e erro e têm menos controle sobre o processo. A métrica, assim, considera como as pessoas navegam não apenas na rede social, mas também como elas navegam na vida social de modo mais geral. Quando agimos socialmente, enquanto indivíduos, fazemos isso com base no que percebemos sobre o mundo ao nosso redor e no que compreendemos como o contexto social em que estamos inseridos. Estas percepções formam uma mentalidade específica, e o modo como nossas men- tes estão organizadas terá impacto em nossas ações no espaço social, quais possibilidades vemos e em quais agimos, e quais opções nos parecem impossíveis de atingir. Nossas formas de pensamento, portanto, são de importância para a ação social. Uma mentalidade é, de acordo com o dicionário Merriam Webster, “uma atitude ou inclinação mental”, ou um “esta- do mental fixo”. É uma forma específica de “habitat cognitivo” (PETTITT, 2013) que molda nossas percepções do mundo e, por isso, tem impacto sobre nossa disposição para agir no mundo de acordo com o princípio estabelecido no chamado teorema de Thomas: “Se os homens definem situações como reais, elas são reais em suas consequências” (THOMAS; THOMAS, 1928, p. 572). Isto significa que se percebemos as relações sociais de um modo específico, agiremos com base nessas percepções e pre- sunções que são formadas em nossas mentes, e valorizaremos as relações sociais de acordo com esta nossa mentalidade. Dessa

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