Pedro Gilberto Gomes 206 vida digital, inteligência artificial, ambiência, corpo, linguagem, etc., que escondem outros conceitos de fundo. Penso no que cha- mo de novo modo de ser no mundo ou novo modo de ser e viver m sociedade Mich . el Serres44 (1930-2019) faz a passagem da vida di- gital para a filosofia e vice-versa a partir de conceitos. Ele faz das narrativas sobre o mundo digital uma problemática de fundo cujas inteligibilidades devem ser retiradas da zona do esconde- rijo. Contudo, as condições delas emergirem passam por um outro trabalho de narrativa: a do analista/pesquisador. Estaremos, portanto, frente a três narrativas: do pesquisador, da linguagem publicitária e da linguagem que subjaz na região do esconderijo. A questão de que trata a pesquisa, epigenética, perpassa todo o estudo que iremos desenvolver como seguimento do trabalho de pesqui U s m a. a questão pertinente que surgiu nos debates diz respeito à possível contribuição do projeto para a pesquisa em comunicação. A proposta pretende direcionar os olhos para além do cotidiano das pesquisas que se fazem na área, aprofundando a abordagem na consideração do fenômeno em pauta. Os processos midiáticos são mais amplos do que a mera consideração dos dispositivos comunicacionais. Mergulhando nos subterrâneos desses processos, inquirindo pelos códigos es- condidos, o projeto lança luz sobre um lado desconhecido pela pesquisa em comunicação. Metaforicamente, pode-se afirmar que indagando por aquilo que se alberga no lado escondido da Lua. A comunicação é uma realidade de interação com o mundo. Desse modo, a reflexão a ser desenvolvida somente é pertinente e eficaz quando se inscreve no comunicacional. Nos processos midiáticos, de fato, acontece uma ação conjunta com o mundo e não sobre ele. Outro questionamento que pode nascer é sobre o modo como colocar emmarcha sistemas críticos em torno da pesquisa sobre a epigenética dos processos midiáticos. A pesquisa não é uma realidade declarativa, abstrata, mas refere-se a um objeto concreto. 44 SERRES, Michel. Polegarzinha: uma nova forma de viver em harmonia, de pen- sar as instituições, de ser e de saber. São Paulo: Bertrand Brasil, 2013.
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