Jairo Ferreira 216 refere a esse processo em que a materialização da experiência mental em objetos é, imediatamente, base para novas inferên- cias individuais e sociais, referência das interações, fomento de interpretação de indícios e imaginários. Evidentemente, pensar a genealogia da midiatização nessa perspectiva é muito mais complexo I . sso não quer dizer que toda a experiência mental possa ser objetivada2. A formulação quântica nos diz que nem tudo é matéria; há, em nosso cosmo-planeta e social, muito de energia não observável enquanto matéria. Portanto, a midiatização é um universo restrito, mesmo quando falamos da semiose midiatiza- da. Há um universo energético que, como halo, nos aciona. Esse é de difícil acesso, inclusive porque não materializado. Além disso, há um (imenso) universo de sentidos que são imaginários e simbólicos, conscientes, subconscientes e inconscientes, que não se manifestam materialmente, numa determinada conjuntura ou por vários anos, décadas ou séculos. Porém, as epistemologias sociais, há mais de século, já definiram dois universos centrais de nossas experiências: o inconsciente (objeto das psicologias do id) e o consciente (psico- logias do ego). Se as primeiras são analógicas, as segundas são lógicas. Os meios materializam essas duas experiências de forma não linear, indo desde as manifestações estéticas às formas de inteligibilidade racionalizáveis em sistemas lógicos – enten- didos, por muitos, como racionalização da experiência humana. O fato de que o amadurecimento reflexivo (epistemoló- gico) da espécie só tenha tomado consciência dessa relação no contemporâneo, a partir das realizações em meios como o livro, jornal, rádio, televisão e nas redes, evidencia uma máxima de Marx: a anatomia do homem é a chave da anatomia do macaco. Trazendo ao contemporâneo, consideramos que o meio al- goritmo agencia as plataformas, podendo revelar o segredo dos meios. Há, ainda, outro recorte: a investigação empírica na linhagem não abrange todas as formas de materialização da expe- riência mental; somente aquilo que está ou irrompe no espaço 2 Aqui, é importante destacar as reflexões de João Damásio, doutorando, apre- sentadas em Seminário de tese da linha de pesquisa Midiatização e Processos Sociais, no PPGCC-Unisinos.
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