Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Jairo Ferreira 222 dadas por vários autores. O que é transversal entre esses autores do campo psi e da comunicação é a analogia entre primeiridade, secundidade e terceiridade (Peirce) e imaginário, real e simbóli- co (Lacan). Lacan oferece esta possibilidade: Um tal de Charles Sanders Peirce construiu sua lógica sobre isso, o que, devido à ênfase que ele atribui à relação, o leva a fazer uma lógica trinitária. É exatamente a mesma via que percorro, com a diferença de que chamo as coisas em questão pelo nome que têm – simbólico, imaginário e real, nessa ordem exata (LACAN, 2006, p. 117). Isso não significa que todos os autores façam essa referência à obra citada de Lacan, na qual este autor reconhece em Peirce uma mesma lógica. Os autores inferem essas relações potenciais, mesmo sem explicitar esse reconhecimento por parte de Lacan. Aqui é importante destacar que Lacan parte de um contexto no qual o estruturalismo “toma conhecimento” de Peirce. Não só Lacan faz isso. Bourdieu e Piaget, em seus estudos finais, perceberam essa necessidade. Outros se apropriam de Peirce já no contexto do pós-estruturalismo ou desconstru- ção (como Deleuze). Na área da comunicação, autores peirceanos indicam caminhos a traçar para entendermos isso. Um caminho é o sugerido por Pinto (1987). Nesse artigo, Pinto afirma que Lacan, assim como Peirce, compreendem o sentido como dinâmico, o que acentua a semiose como movi- mento. Mas, em Lacan, o sentido é vazio (destituído de significado), e isso, diz Pinto, resulta numa concepção de sujeito como autor de uma adoção de um significante entre os disponíveis, pois: a. um mesmo signo pode ter vários significados; b. não há nada que force uma relação unívoca entre signo e significado; c. então, cabe ao sujeito definir essa relação. Essa perspectiva é debitada, por Pinto, ao estruturalismo, referenciado no linguístico, e sua concepção diádica (meio e objeto) que não considera o terceiro (o interpretante). Para nossas formulações, essa crítica de Pinto nos remete a uma proposição: a necessidade de uma formulação

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