Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Jairo Ferreira 226 interacionista. Basicamente, compreende que as estruturas não são estáticas; modificam-se pelas ações dos agentes, indivíduos e instituições, ao mesmo tempo, assujeitados e sujeitos delas. Porém, é muito forte a crítica de que sua concepção é reprodutivista. Entre esses críticos, especialmente Lahire (2003), muitos buscam uma compreensão que não subsuma, de forma tão acentuada como em Bourdieu, o indivíduo ao social. Essas questões estão presentes em nossa formulação, de forma indireta, por via de reflexões próprias, desenvolvidas nos últi- mos anos, apresentadas acima a partir de Peirce e Lacan. *** A primeira justificativa para a articulação de Bourdieu com Peirce nasce na relação com a pragmática. Esta relação é abordada em Queré (2017), que acentua essa relação destacan- do inclusive que a obra do sociólogo tiene plenamente “su lugar en el desarrollo en curso del pragmatismo” (Shusterman, 1995, p. 603), y que permitiría mejorar las intuiciones de éste gracias a los conceptos más precisos, verificados empírica- mente, que esta obra ofrece (QUERÉ, 2017, p. 2). Nessa relação, é central o conceito de habitus, que tem proximidade ao conceito de hábito (com fortes semelhanças, apesar das diferenças). As diferenças se referem às origens epistemológicas do conceito em Bourdieu (Weber, Husserl e Mer- leau-Ponty). No conceito de habitus, Bourdieu também se apro- pria do conceito de hexis de Aristóteles: El hexis es un estado habitual (principalmente del cuerpo) adquirido por la repetición de actos con- formes a la razón, repetición que forma hábitos. Este estado habitual dirige el accionar en su conjunto; el que dispone de él tiene un sentido asegu- rado de lo que se debe o de lo que tiene que hacer. El habitus es a la vez, de este modo, una manera de ser, una disposición o una propensión, y un poder generador. Estas son dimensiones que Bourdieu conservó, y a su vez modificó (QUERÉ, 2017, p. 3).

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