Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Jairo Ferreira 230 Ou seja, o poder não nasce da lógica, esquemas ou estruturas em si, mas de algo que transversaliza o imaginário, o real e o sim- bólico, como perversão, autoridade que se autodesigna, entre as possibilidades da semiose, sancionando o que está autorizado, porém limitado, na medida em que é submetido ao processo de reconhecimento, gerando-se, nessas relações, fenômenos que analisamos enquanto circulação. Considerando essa reformulação, onde, então, a impor- tância de Bourdieu, se integramos a questão do imaginário, do real e do simbólico? Em acentuar que as lutas de classificação dos signos são realizadas através de signos, constituindo-se em habituas culturais, políticos e econômicos. Porém, se a luta é também uma luta ‘entre imaginários’ e ‘reais’, atravessados pelas versões de autoridade (de ser autoridade ou querer ser autoridade, ao se colocar como o interpretante final, mas também em acionar imaginários e construir realidades – falsas ou verdadeiras), have- rá, sempre, nos conflitos de sentido, potência e possibilidade de transformações e regressões conjunturais, e não só reprodução, manifestas em habitus culturais, econômicos e políticos – se ma- terializando em capitais diversos, assim distribuídos. 4. A hipótese: os algoritmos como novo poder simbólico, agenciador de imaginários e realidades Embora essa semântica (o algoritmo) só se explicite no contemporâneo, o fenômeno é central no processo designado como especificamente humano. O algoritmo é, numa perspec- tiva semiótica, um constructo social, mental e material, relativo às operações inferenciais (dedutivas, indutivas e abdutivas). Essas lógicas inferenciais (sendo a abdução uma quase lógica) resultam de um processo que tem sua origem na diferenciação da espécie em relação às outras espécies animais e vivas. Não é qualidade única da espécie dita humana. É uma qualidade de todas as espécies vivas, do vírus corona ao humano. E todas as espécies também desenvolvem processos abdutivos, centrais para a adaptação às interações singulares perante as quais são

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