Jairo Ferreira 232 lizam em meios/dispositivos, com potência de se constituírem, pelos usos sociais, sistemas de produção e consumo, em novo símbolo e poder, agenciando imaginários e apreensões do real construído, inclusive quando agenciam conteúdos e programação, indexando-os e mediando interações entre consumidores e produtore C s o . nsiderando o ponto de chegada na seção anterior – o habitus como conceito que nos permite inteligibilidade da cultu- ra, suas classificações sociais, e relações de poder daí derivadas, presentes na produção e consumo dos objetos materiais –, o algoritmo é um signo lógico, que é acionado ao mesmo tempo que intuições, sensibilidades e percepções (relativas ao imaginário) e realidades são convocadas na esfera de seus usos e recepção sociais. Como interpretante, o algoritmo é um novo símbolo so- cial, estruturado e estruturante, reconhecido como poder e for- ma de conhecimento (produção do social), mas este poder deve ser ponderado quando analisado na circulação. Nesse sentido, a midiatização é reprodução ampliada das relações e interações que estão na cultura, economia e política enquanto poder, ou seja, em ampliação da semiose, em novas escalas de tempo e espaço, conexões e possibilidades, fortale- cendo os algoritmos que reproduz enquanto sistemas de inteligibilidade, de crenças sociais autorizadas, vozes de poder, agora despersonalizadas, e não mais apenas as vozes carismáticas dos corpos, e, ao mesmo tempo, reguladores das vozes e discursos dos agentes e instituições, e suas interações, classificando-os no mundo (indexações). Mas isso é, como temos insistido, relativo, pois a circulação evidencia que a cultura não chancela tudo que aí é sugerido. Assim, para não ficar numa perspectiva que conside- ramos reduzida, pois foca na crítica aos sistemas de produção midiáticos apropriados pelos capitais (como fez a teoria crítica com o conceito de indústria cultural), é necessário, para a análi- se das plataformas e algoritmos, ir além: refletir e investigar os usos sociais e recepção, dois conceitos que reunimos em torno do conceito de consumo midiático, possibilitando-se assim a re- flexão sobre a circulação. Este será o artigo a ser apresentado no V Seminário de Midiatização, que se realiza em final de 2022.
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