Michael Forsman 240 midiatização profunda deve ser entendida principalmente como um “conceito sensibilizador”. Isso significa que ele dá ao usuá- rio um senso geral de referência e orientação para o que é um processo empírico incompreensível. Sugiro que o letramento midiático também pode ser entendido como um conceito sen- sibilizador, pois é um termo que nos ajuda a pensar que os efei- tos (negativos) da midiatização (profunda) podem e devem ser enfrentados por (mais) comunicação sobre a mídia, com a mí- dia, para entender a mídia. De acordo com Buckingham (2004), o letramento midiático é o resultado da educação midiática, mas até agora tem se preocupado principalmente com o ensino obrigatór A io in . da assim, o letramento midiático e informacional no ensino superior foi abordado (BRAYTON; CASEY, 2019; BUTLER, 2020; INGVALDSEN; OBERG, 2016) tambémemrelação aos estu- dos de mídia e comunicação (cf. MIHAILIDIS, 2014; STOCCHETTI; KUKKONEN, 2011). No entanto, quero, aqui, abordar a fun- ção específica da crítica, do pensamento crítico e da consciência crítica como importantes tanto para o letramento midiático (cf. FEUERSTEIN, 1999) quanto para o ensino superior (BARNETT, 1997). Associo esses conceitos sob o termo genérico de mentalidade crítica, que uso para designar um “imaginário educacional” (RAHM, 2021) que diz respeito a como podemos – talvez tam- bém devêssemos – tentar qualificar e socializar “o estudante de mídia ideal” em relação à época da midiatização profunda. Minha ambição não é declarar o conteúdo ou a política dessa mentalidade idealizada, mas iniciar uma discussão sobre a importância didática da criticidade para nós enquanto pesqui- sadores e professores de mídia. Esperamos que isso possa evo- car discussões interessantes entre departamentos, continentes, gerações de estudiosos sobre como imaginar e organizar dida- ticamente e projetar e desenvolver pedagogicamente o impe- rativo crítico. Baseio meu artigo na seguinte pergunta: como o pensamento crítico e a consciência crítica podem ser descritos, os efeitos estruturais de longo prazo das mudanças nas relações entre mídia e comunicação humana, consciência e conhecimento. Krotz (2014) descreve a midiatização como “um motor na modernidade” e um processo comparável (e relacionado) a outros processos meta-históricos abrangentes, como globaliza- ção, individualização e comercialização (ver FORSMAN, 2019).
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