Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

A criação de uma mentalidade crítica. 243 de letramento midiático e informacional (MIL5) nos 28 estados membros da UE, um total de 547 projetos foram listados (UE 2016). Em 402 deles (73%), o conceito de “pensamento crítico” foi destacado, principalmente em relação a questões de de- sinformação. No muito influente currículo de MIL da UNESCO, Media and Information Literacy. Curriculum for Teachers (WILSON et al., 2011) se destina a todos os estados membros da ONU, incluindo inúmeras ditaduras , o termo “crítico” é usa- do 42 vezes (em 192 páginas) principalmente como parte do “pensamento crítico”, o qual é definido como “a capacidade de examinar e analisar informações e ideias para entender e ava- liar seus valores e suposições, em vez de simplesmente aceitar proposições pelo valor de face” (WILSON et al., 2011, p. 182). Na edição revista do Currículo MIL da UNESCO: Pense criticam nte, clique sabiamente! Currículo de letramento midiático e informacional para educadores e alunos (GRIZZLE; WILSON; GORDON, 2021), o termo crítico aparece quase duas vezes mais (156 ve- zes em 388 páginas), mas agora tem um escopo semântico mais amplo, incluindo a pedagogia crítica, engajamento crítico, cons- ciência crítica. Podemos mencionar aqui, também, o currículo de letramento midiático do Google “Be Internet Awesome”, que tenta ensinar às crianças (5-8 anos) “os princípios de cidadania digital e segurança para que possam explorar o mundo on-line com confiança” por meio de seus professores (beinternetawesome.withgoogle.com). Neste “jogo interativo e divertido” (In- terland), o jogador deve aprender “segurança digital e cidada- nia” ajudando os colegas “internautas” no combate a “hackers, phishers, disseminadores e agressores malcomportados” (ibid.). Existem muitas campanhas como essa e uma crítica crescente a elas como uma abordagem política instrumental que desafia o letramento midiático como uma tradição de Bildung, progressão e transformação pedagógica (DROTNER et al., 2017; FORSMAN, 2020; WALLIS; BUCKINGHAM, 2013). Em exemplos como os apresentados acima podemos ver que o ideal de ser e tornar-se “crítico” se reduz a uma ques- tão de checagem de fatos e formas bastante individualizadas de compreensão do pensamento crítico. Há tensões entre a univer5 Do inglês Media and Infomation Literacy projects.

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