Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Michael Forsman 250 de sem uma agenda muito mais explícita do que o argumento sobre a importância de desenvolver e implementar o pensamen- to crítico em universidades (e escolas secundárias) (dos EUA) para “criar pensadores melhores”, que possam pensar de forma independente em relação aos atuais contextos e pressões so- ciais e políticas. Em parte, o CTM começou como uma reação à forma como o pensamento crítico foi abduzido pelo marxismo e pelo feminismo (BURBULES; BERK, 1999). Outro desafio é que o pensamento crítico se reduz a determinadas atividades instru- mentais que espelham o interesse dos empregadores e dos interesses corporativos. Houve também, mas independentemente, um movimento pedagógico crítico (CPM, na sigla em inglês) que tem mais a ver com a pedagogia transformadora e a mudança social por meio da práxis. Um pensador-chave nesses circuitos é o filósofo e pedagogo brasileiro Paulo Freire, que trabalhou o analfabetismo e a alfabetização de adultos em comunidades rurais na América Latina na década de 1970. Uma palavra-chave na teoria de Freire é o termo por- tuguês “conscientização” (consciência crítica). Isso significa o “desenvolvimento do despertar da consciência crítica” (FREIRE, 1974, p. 15). Para Freire, essa é a antítese da solução tecnocráti- ca de problemas. O desenvolvimento de uma consciência crítica consiste em abster-se de ser inconsciente. Uma consciência críti- ca trata, portanto, de não ser enganado, ingênuo ou do autoenga- no (cf. falsa consciência). É ação política concreta e a percepção de que “a todo entendimento, mais cedo ou mais tarde, corres- ponde uma ação” (ibid., p. 44). Em outras palavras, essa forma não alienada de autoconsciência e compreensão de si mesmo como sujeito social e histórico (CHRISTENS, 2015), com capaci- dade de ação concreta e comunitária em conexão com os outros, baseia-se em percepções de contradições sociais e políticas. Isso consiste em reflexões e ações e se refere a uma epistemologia emancipatória que se baseia no empoderamento e na (auto)autorização, que pode abordar questões de opressão, injustiças sociais e formas ilegítimas de poder (ver KELLNER; SHARE, 2007, 2019). A maior barreira para esse “despertar” são as crenças arraigadas e fatalistas na inevitabilidade ou necessidade de um status quo (injusto). Para desintegrar esses mitos e manipulações é preciso passar de uma consciência ingênua

RkJQdWJsaXNoZXIy MjEzNzYz