Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Michael Forsman 256 dos para discursos sobre aprendizagem dos alunos e resultados predefinidos, previsíveis e mensuráveis. Biesta também salienta “a nova linguagem da aprendizagem” e termos como sequência de aprendizagem, resultados da aprendizagem e experiência de aprendizagem. Por trás deles, ele encontra a mercantilização, a individualização (personalização) e a instrumentalização que transformam a educação superior numa commodity que pode ser oferecida e entregue pelo professor ou pela instituição edu- cacional para ser consumida pelo aprendiz. Uma consequência dessa estrutura transacional de learnification é a afirmação de que “as únicas perguntas que podem ser feitas, com proprieda- de, sobre a educação são perguntas técnicas, ou seja, pergun- tas sobre a eficiência e a efetividade do processo educacional” (BIESTA, 2005, p. 59). Essa busca por conhecimento mensurável e resulta- dos previsíveis é guiada e integrada por sistemas digitalizados e com base em plataformas para a gestão e a administração da aprendizagem, com várias formas de matrizes para a verifica- ção do processo de aprendizagem individual. Nesse sistema, o aprendiz é interpretado como um consumidor, com determi- nadas necessidades; isso enfraquece o professor no papel de especialista que, em vez disso, torna-se um coach e facilitador. De acordo com Biesta (que escreve principalmente sobre a edu- cação obrigatória), a learnification e a mercantilização tiveram efeitos negativos particularmente sobre atividades educativas de conscientização, como educação cívica e educação democrá- tica. A isso eu gostaria de acrescentar os desafios da mentalida- de crítica (pensamento crítico, consciência crítica). Se o pensamento crítico se tornar também o que Barnett (1997) chama de pensamento crítico através da reforma corporativa, há um risco de que os belos riscos da aventura crítica (cf. BIESTA, 2013) e, portanto, o desenvolvimento do tipo de mentalidade crítica que há décadas vem sendo uma força propulsora forte e importante por trás do desenvolvimento de estudos de mídia (críticos) en- frentarão uma condição verdadeiramente crítica. Biesta defende uma educação que exista para oferecer os meios pelos quais os aprendizes se tornem capazes de compreender suas verdadei- ras necessidades.

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