Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Antonio Fausto Neto 298 b) Midiatização e suas novas ritualísticas Transformações sociotécnicas que têm ocorrido e se acentuado, ao longo do século passado e do atual, manifestam- -se na ambiência e na organização social, redesenhando as ins- tituições e suas práticas, roubando-lhes tarefas cooperantes e mediadoras, como está acontecendo com a universidade. Esta vai deixando de ser uma matriz de mediação de conhecimentos, con- forme descrita acima, uma vez que uma nova dinâmica, de caráter tecnocomunicacional, afeta a natureza de práticas cooperantes, provocando, inclusive, novas formas de funcionamento das suas ritualísticas. O capitalismo industrial e seus descendentes agem sobre as organizações, ao deixarem suas “patas” nas instituições educativas, bem como naquelas que lidam com a gestão de com- portamentos, enquanto “máquinas significantes”. Protocolos de várias naturezas, muitos deles equidistantes dos valores media- cionais de então, passam a se constituir não apenas em insumo, mas também na matriz que vai alterando o DNA da instituição universitária. Descrevem-se, brevemente, neste artigo lastros dos ventos de processos comunicacionais gerados no atual estágio da midiatização e que vão transformando aspectos da gestão do ensino e da pesquisa, de um caráter cooperante para um outro, cujas estratégias inspiram-se em lógicas comunicacionais de- terminísticas, segundo a perspectiva da teoria da convergência. Grosso modo, tal teoria, que desponta no contexto da globalização em curso, afirma que a organização social e suas práticas passam a ser crescentemente organizadas e reguladas segundo fundamentos digitais, telecomunicacionais e audiovisuais. Operando de modo convergente, estas dimensões condensariam princípios organizadores e reguladores de todas as práticas sociossimbólicas, envolvendo produção, circulação e gestão de informações. Tal princípio seria uma espécie de pré-requisito para todas as práti- cas institucionais, em suas condições de produção, circulação e recepção de discursos sociais, inclusive as práticas universitárias. A realidade seria apenas uma consequência da convergência de atividades destas três dimensões acima apontadas, impondo-lhe nova racionalidade comunicacional, cujos subsídios se fazem, cada vez mais, elementos estruturantes e estruturadores da orga- nização social, em transformação. De maneira breve, lembramos

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