Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Antonio Fausto Neto 300 niza em torno de gramáticas e de mensagens, cujas lógicas que as enunciam, por serem distintas, não possibilitam pensar que sentidos venham a ser produzidos segundo matriz de conver- gências, portanto, simetrizantes. Os sentidos resultam de feedbacks complexos, daí pensar que as condições de produção e de reconhecimento operam sempre segundo dinâmicas de des- continuidades (BATESON, 1987). Significa dizer, também, não haver – em termos de sentidos – a convergência contemplando, de modo equivalente, as situações enunciativas de produção e de recepção de mensagens. Esta restrição permite concluir que a produção de sentidos não se realiza segundo a perspectiva de uma expectativa causalista, mas, pelo contrário, a partir de di- nâmicas de imprevisibilidades (PRIGOGINE; STENGERS, 1984). Perspectivas analíticas de várias linhagens têm exami- nado os efeitos da tecnomidiatização sobre a organização social, segundo análises que vão além de um olhar extensional do sistema comunicacional sobre os demais sistemas sociais. Desta- cam-se a singularidade e as complexidades de tecnologias de comunicação espraiando-se, via midiatização em curso, sobre a estruturação da organização social e de suas práticas. E chamam atenção para o aparecimento de processos comunicacionais que se enunciam segundo complexidades que vão além das formas de mediação e dos efeitos dos estilhaçamentos da convergência, vinculando, de outros modos, as relações entre as instituições e destas com os indivíduos. Ressaltamos, de maneira breve, a noção de midiatiza- ção enquanto fenômeno de complexificação da organização so- cial, segundo modos através dos quais tecnologias ingressam na sociedade, misturando-se, de forma complexa, de acordo com aspectos significativos ao funcionamento social e instituindo re- lações que, por natureza são complexas e não lineares (VERÓN, 1986). Efeitos deste ingresso se manifestam nas rotinas de prá- ticas de várias naturezas, como as da universidade, que acolheu, segundo formas de negociação e a partir de seus rituais, fazeres e saberes desta nova cultura da convergência, vinculando-os às suas rotinas de ensino, pesquisa e extensão. Contudo, não po- demos ignorar que a teoria da convergência compreende a midiatização de modo distinto e, portanto, problemático. Apesar de lidar com objetos e fenômenos contemporâneos, como os de

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