Antonio Fausto Neto 304 protocolo que é fruto de agências sem, necessariamente, ter a sua vida instalada na cultura dos laboratórios universitários e em relações com a sociedade, em termos mais abrangentes. A partir destes cenários descritos, forma-se um tecido conjuntivo no qual a atividade mediacional dá lugar às novas formas de interação de intensos processos de transformação de tecnologias em meios, todas as práticas sociais são por estes afetadas, resultando uma organização social – ou uma nova ambiência (GOMES, 2015) cujos processos interacionais se edi- ficam e funcionam conforme se chama, no jargão atual, de plataformas. Não podendo discorrer aqui sobre este conceito, apenas devemos enfatizar que é preciso examiná-lo de modo mais cui- dadoso. O mesmo não pode ser aplicado de forma generalizada e sem problematizações, pois quando examinados seus “modos de existência”, observa-se que, do ponto de vista metodológico, há realidades distintas às quais a noção de plataformas está subordinada (LATOUR, 2019). Porém, as plataformas devem ser especificadas e qua- lificadas nas interfaces que articulam ofertas e modos de uso, mas segundo perspectivas comunicacionais que geram longa e complexa problemática, em termos teóricos e conceituais. Algo que vai além de definições conceituais utilizadas de modo universal e que não levam em conta os contextos nos quais a plataforma se adaptaria às condições do universo na qual ela é “recepcionada”. Nestas condições, a plataforma não teria apenas uma vida própria, isolada, mas também seria permeada por ló- gicas e referências das realidades nas quais se instala ou que são por ela visitadas. 3. Pandemia, efeito da midiatização Entravámos na terceira década dos anos 2000 quando a universidade, a exemplo de outras instituições, foi surpreendi- da por informações sobre a ocorrência da COVID-19 e sua disse- minação, em 24 horas, deslocando-se para cenários e geografias de vários continentes. Multiplicou-se como um “fenômeno surpresa”, porque este acontecimento não habitava, até então, as rotinas das insti-
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