Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

A pandemia entrelaçando-se com a midiatização 305 tuições e da própria organização social. Ele foi, assim, semantizado em diferentes contextos geográficos e científicos, à medida que governos, instituições, etc. deramà sua existência descrições de caráter genérico, mas que foram ganhando contornos, por onde foi passando e circulando. No âmbito do sistema educati- vo, a universidade recebe instruções para alterar suas rotinas, centradas, como aqui está, em lógicas e preocupações autorreferenciais. Normas apontaram a necessidade da observância de restrições ao contato social, implicando o emprego de estraté- gias de defesa contra o vírus, bem como a suspensão de atividades que, fundamentalmente, se fazem em torno da presença e do contato entre humanos. As instruções foram recebidas, além da surpresa, com indignação e incredulidade e, segundo protestos contra a paralisação das rotinas, por causa de uma ocorrência tão longínqua, conforme o depoimento de um professor: “Estou desolado, vim ao campus para uma reunião do colegiado a fim de tratar da avaliação do meu projeto de pesquisa, cujo relató- rio terá que ser enviado para agência financiadora nos próximos dias.” A pandemia enquanto acontecimento se sobrepôs ao modelo gerencial de produção de conhecimento, mesclando-se às racionalidades do ambiente universitário, em termos de gestão, pesquisa, ensino, extensão, etc. Uma outra simbólica da privação do contato – envolvendo sofrimento, morte, desamparo – ocu- pa a universidade e os fundamentos da vivência/convivência da sua maquinaria. A universidade foi instada a fazer deslocamentos, vencer silêncios, enfrentar a instabilidade para uma retomada de um movimento que permitisse o afloramento de intervenções criativas, gerando, quem sabe, uma outra dinâmica que possibilitasse o restabelecimento da aglomeração e do con- tato socia A l. instituição acadêmica, ao se deparar, de modo súbito, com a interrupção de suas atividades, sofreu uma espé- cie de operação de “evacuação”, gerando mutações na sua ação comunicacional. O que era um ambiente fértil e permeado por energias que dinamizavam diferentes circuitos de “pelejas” aca- dêmicas sofreu um “choque de paralisação”, ensejando a monta- gem de novas estratégias que pudessem restabelecer, ainda que parcialmente, circuitos de formação acadêmica, de pesquisas, de ações laboratoriais, etc. O que era, até então, uma trajetória de

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