Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Antonio Fausto Neto 310 que são, por natureza, atravessados pela complexidade das diferenças em torno das quais se dá a produção de sentidos. Signifi- ca que a atividade observacional e comunicativa, entre sistemas, se faz em torno de uma intercambialidade complexa, a partir de acoplamentos de pressupostos de cada um deles, cujas opera- ções e marcas não são sabidas a priori. É neste não saber pré- vio que reside, portanto, a problemática da produção dos sentidos, estruturando-se em torno de assimetrias de elaborações enunciativas. 4. Notas em conclusão De modo singular, a universidade se constitui em uma instância geradora de observação sobre a sociedade, a partir de mecanismos de autorreferência pelos quais defende, além da le- gitimação das suas modalidades de compartilhamento de saberes, o próprio ato de transmiti-los. São mecanismos que se ma- terializam através de ações e operações tecnopedagógicas que envolvem o ensino, pesquisa, extensão, gestão, etc. e que têm características específicas, uma vez que são também permeadas por operações de midiatização. A universidade seria uma espécie de complexo sistema de observação, pois sua trajetória institucional e suas perícias – teóricas, metodológicas e epistemológicas – voltam a observar as interações de segundo grau, envolvendo as relações entre os atores sociais ou destes com outras instituições (VERÓN, 2011). Entende-se que a natureza desta atividade observacio- nal se configura como um trabalho complexo que transcende a questão da transmissão/circulação de signos. Isto porque a uni- versidade, ainda que maneje sentidos formulados por posições enunciativas de outras instâncias em observação, somente pode levar adiante suas estratégias a partir de operações – reais ou presumidas – desenvolvidas por outra(s) instituição(ões) com que esteja em contato. Como dizem os estudos de Palo Alto sobre questões interacionais, “é impossível não comunicar, uma vez que tudo comunica”, ao refletir sobre o interacionismo simbólico. Estes dois mundos – sistemas sociais e sistemas socioindividuais – são

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