Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Mediações algorítmicas do consumo 89 ção, circulação e consumo de marcas e as interações entre marcas e consumidores na lógica dos algoritmos? O que seria essa escritura algorítmica da publicidade? Qual o lugar das imagens na nova escritura algorítmica da publicidade? É neste momento que recuperamos a valiosa contribui- ção de Gillespie (2014) sobre os seis aspectos da relevância social dos algoritmos, citados na introdução, para encontrar caminhos possíveis de respostas às questões apresentadas, fazendo um cru- zamento entre o aspecto informacional/comunicacional dos seis elementos socialmente relevantes do algoritmo e as dimensões da produção, circulação/interação e recepção/consumos. Ao se pensar a questão da produção dos dados em al- goritmos, percebemos que a promoção de padrões para inclusão de dados acontece por meio dos atores. Tais atores não são ne- cessariamente humanos, pois a IA possui máquinas para captu- ra de dados. Essa constatação favorece o diálogo com a perspectiva do Ator-Rede de Bruno Latour (2012), que estuda os atores em conexão nas redes digitais e seus fluxos de sentidos, isto é, o curso narrativo/discursivo das redes, como um novo domínio de compreensão do social e da cultura. Há que se considerar também que esse padrão da for- ma de geração e inclusão de dados num contexto de armazenamento e análise é pensado por humanos, para ser automatiza- dos por programação de máquinas como softwares, aplicativos, plataformas, mas nem todos os atores dessa produção dos big data são humanos. Tal processo corresponde à dimensão da produção da comunicação em algoritmos, ou seja, a realização de cálculos que preveem probabilidades de ocorrências, buscando antecipar aos consumidores ofertas de suas práticas de con- sumo mais recorrentes. Esses critérios de cálculos não são visí- veis e compreendem a ‘caixa preta’ dos algoritmos. Além disso, há também discussões fundantes sobre o tema como as de Beer (2009), que trata os estudos dos algoritmos para além da ques- tão técnica e pensando suas lógicas de poder na vida cultural, considerando a intencionalidade produtiva, materializada em softwares e nos usos e consumos cotidianos desses produtos. Artigos internacionais recentes sobre o tema como o de Bucher (2017) reconhecem que os estudos sobre produção em algoritmos e como funcionam são em maior quantidade do

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