Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Mediações algorítmicas do consumo 93 3. As interações algorítmicas nas relações entre marcas e consumidores Erik Landowski (2014, p. 72-85) considera que os sentidos trazem um risco, pois embora exista uma ordem ou regime de programação do viver até a conjunção de todo ator vivente com a morte, para todos os atores da grande narrativa da vida existem também, no processo narrativo da vida, fatos que saem da lógica das regularidades, que são tensionados por uma alea- toriedade que, por sua vez, faz o tensionamento entre lógicas de uma intencionalidade que se contradizem, frente às lógicas do sensível, e permitem o ajustamento por esse aspecto sensível, rumo a uma possibilidade acidental (acontecimento), que pode ser boa ou ruim. O autor destaca que a semiótica, na proposição de Greimas, ocupou-se sempre da dimensão programada e manipuladora dos sentidos e que deu pouco espaço ao acidental e ao ajustamento, que é justo o espaço da experiência estética, em termos de comunicação vivida nos usos e consumos midiáticos com os produtos culturais, incluindo nesse bojo as mensagens das marcas e publicidade. Os algoritmos como dispositivos da humanidade não fogem a esta máxima. Mas sua condição de escrita está subjacen- te como metalinguagem matemática, constitutiva da humanida- de digital, portanto, constitutiva das realidades em sua condição de mediação, como tratam Couldry e Hepp (2017, p. 125-128), ao considerarem a midiatização dos dados ou dataficação das realidade O s. interagir por algoritmos considera os regimes da programação, da manipulação, do ajustamento e do acidente, sendo estes dois últimos frutos dos processos de circulação e dos usos e consumos midiáticos das plataformas digitais e que, pelas condições de IA, se ajustam às possibilidades dos dados identificados na dinâmica real das interações. Ao mesmo tempo, tal ação nos usos dos algoritmos em tese nos direciona hipoteticamente ao acidental, como pensa Landowski (2014, p. 72), mas no caso do consumo comercial pa- rece que o ajustamento passa a ser sempre cooptado pelos pro-

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