Call For Papers

VII Seminário Internacional de Pesquisas em Midiatização e Processos Sociais

Tema central: MIDIATIZAÇÃO, SEMIOSE E COMUNICAÇÃO: MUTAÇÕES GLOBAIS

Realização: UFSM-USP, maio de 2025

Formatos:- Grupos de Trabalho:  19 a 23 de maio, POSCOM/UFSM/PPGCOM-ECA-USP (remotos e híbridos)

Conferências e Mesas de Debate: 26 a 31 de maio, na ECA USP

Submissões: de 15 de janeiro de 2025 a 31 de março de 2025

Link de submissão: https://midiaticom.org/anais/index.php/seminario-midiatizacao-resumos/submissao1

 

MIDIATIZAÇÃO, SEMIOSE E COMUNICAÇÃO: MUTAÇÕES GLOBAIS

O debate em torno do conceito de midiatização tem permitido confirmar sua contribuição à compreensão dos processos sociais contemporâneos, inclusive quando em interface com outros conceitos da área da comunicação e das teorias sociais e da linguagem, incluindo-se aí a demanda de que a produção científica considere a contínua revisão dos seus fundamentos teóricos e metodológicos. Essa revisão aponta a necessidade de uma produção científica que, em conexão de rede produtiva, vá além dos focos anteriores de grupos de pesquisa centralizados em territórios hegemônicos. Em confronto com a instabilidade sociocultural em midiatização, a produção científica exige a comparação entre territórios ambientais globais que devem ser compreendidos na constante produção das suas diferenças.

Considerando a convergência dos pontos selecionados para esta edição, é importante assinalar que o Seminário de Pesquisas em Midiatização e Processos Sociais leva em conta a instabilidade da ciência. Acompanhando a evolução tecnológica e sociocultural do contemporâneo, exige uma produção científica atenta aos parâmetros epistemológicos que, em revisão mais heurística do que aplicativa, solicita atualização de seu conceito central, bem como a verificação empírica de suas      dinâmicas.

 

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Na interface entre Midiatização, Semiose e Comunicação, o VII Seminário Midiatização enfocará seis eixos temáticos construídos em encontro da Rede Internacional de Pesquisa em Midiatização e Processos Sociais, realizado em setembro de 2024:

 

  1. EIXO TRANSVERSAL: ABRANGÊNCIA DA MIDIATIZAÇÃO PARA ENTENDER AS MUTAÇÕES GLOBAIS

Uma questão relevante, hoje, para pensar “midiatização” é refletir sobre o alcance do termo e a abrangência dos processos - em pelo menos três perspectivas. Primeiro, seu alcance para tratar do tema central “comunicação” (os dois termos coincidem ou não no que se refere ao conhecimento comunicacional?). Depois, no que se refere ao aspecto histórico (a midiatização se refere à tecnologização dos processos interacionais da humanidade ou cobre toda a existência da espécie?). Finalmente, a palavra “midiatização”, atualmente, implica uma concentração no estudo dos meios ou deve envolver, para além dos observáveis imediatos destes, os signos, as linguagens, as estratégias e os ambientes sociais instituídos ou culturais, como parceiros processuais no que se refere ao trabalho da comunicação? Essas questões serão transversais no conjunto das mesas e devem ser problematizadas conforme enfoque específicos desenvolvidos nos eixos e pesquisas dos conferencistas participantes.

 

  1. NARRATIVA, TEMPO E ESPAÇO SOCIAIS

O eixo tempo, espaço e narrativa está consolidado na área da comunicação, com diversidade de perspectivas epistemológicas e de estudos empíricos, abrangendo meios e processos que passam pela oralidade, formas de escrita, a imprensa, o rádio e a televisão. Na perspectiva das mediações, é uma problemática que se reitera no estudo das narrativas televisivas. Ou, na perspectiva da midiatização, há a hipótese de que os processos contemporâneos transformam as relações entre presente, passado e futuro, interpostas por práticas e experiências midiáticas de coletivos sociais e circuitos interacionais, o que demanda novas epistemologias e metodologias que lidem com as tensões entre essas relações quando pensadas a partir de meios anteriores e os atuais, como aborda Eliseo Verón em vários de seus estudos. Qual o alcance dessas linhagens e correntes para a compreensão dos sentidos de tempos e espaços em relação à produção, ao consumo e à circulação de narrativas que convivem atualmente no espaço midiático?

 

  1. COLETIVOS EM REDE, IDENTIDADES E DIFERENÇAS INTERSECCIONAIS

Na perspectiva da circulação/midiatização, a discussão sobre identidade se distancia de      signos identitários fixos e imutáveis (em diversos níveis de representação, linguagens, discursivos, narrativos e argumentativos), para situar a complexa questão das ressignificações que emergem na circulação, com coletivos que emergem e se interpõem às ofertas midiáticas hegemônicas, em potencialidades materializadas ou não. Neste eixo, pretende-se tensionar as perspectivas epistemológicas das mediações. Para pensar as mediações e midiatizações no contexto das identidades e da sustentabilidade em suas possibilidades, trata-se de proposta teórico-empírica fundamentada numa abordagem semiopragmática das relações entre signos e consumidores nos espaços de recepção e circulação, portanto considerando aspectos das mediações comunicativas das culturas. Entre os observáveis das mediações e lógicas de midiatização, estão as experiências de “coletivos interseccionados” (termo derivado do conceito de interseccionalidade de Patrícia Hill Collins), principalmente, nesta chamada, a partir das categorias de raça, gênero e classe, cujos atravessamentos se encontram com outros repertórios de opressão e resistência em atualização. Entende-se  o racismo como uma questão  transversal a esses coletivos, o que proporciona hipóteses para compreensão e opera como demarcadora de lógicas e repertórios de coletivos sociais, tais como juventudes periféricas, negros, LGBTQIAP+, movimentos de reforma agrária, entregadores, publicitários e suas lógicas na constituição de imaginários e mundos possíveis, com vistas a entender possibilidades de superação da crise do Antropoceno e dos Direitos Humanos para povos periféricos em perspectivas decoloniais ou contracoloniais. Nessas tensões epistemológicas, pretende-se também problematizar hipóteses e debates atuais de crítica ao identitarismo, como derivado de crenças que bloqueiam as sociabilidades possíveis e a cooperação, favorecendo interações irracionais.

 

  1. DEMOCRACIA, FASCISMO, AUTORITARISMO

No Brasil e em várias parte do planeta, assistimos o aprofundamento do desequilíbrio ambiental e a agudização dos problemas sociais ocorrerem simultaneamente à preocupante emergência de forças políticas de direita fisiológica e de extrema direita negacionista da ciência e das questões ambientais que, em países como o Brasil, tem se tornado hegemônica, por conta do uso intenso das redes sociais da internet e, graças a isso, de vitórias eleitorais amplas que culminam no controle do Estado por essas forças. Candidaturas natodigitais, como a de Pablo Marçal, nas eleições municipais de São Paulo, em 2024, tendem a ditar a pauta dos processos eleitorais, revelando uma capacidade comunicativa extraordinária, que repercute fortemente em camadas despossuídas da sociedade. Certo de que tais tendências arriscam não apenas a legitimidade das noções civilizatórias de democracia e direitos humanos, mas a própria vida no planeta, na medida em que reforçam discursos reacionários e negacionistas do conhecimento científico, parece-nos urgente estudar e compreender os processos de midiatização envolvidos nesses sentidos. Pergunta-se sobre as relações entre midiatização e mutações do campo político, situado entre configurações do Estado e da sociedade civil.

 

  1. COMUNICAÇÃO, REGULAÇÃO E CONFLITO

O eixo cooperação, regulação e conflito se refere aos níveis nacionais e internacionais. Este tópico abrange: a questão da conflituosidade entre a comunicação digital global e as culturas locais, os interesses do estado local e as formas locais de regular esta conflituosidade. Inclui também a midiatização e a hibridização de guerras e conflitos, bem como novas formas não convencionais de soluções diplomáticas para tal conflituosidade. Nacionalmente, trata-se de investigação sobre as formas como o Brasil vem lidando com a regulação das plataformas digitais  consolidadas (como o X) sob o prisma da midiatização, considerando que a relação entre Estado e plataformas oscila entre ações de colaboração (lançamento da Starlink na Amazônia brasileira em 2022), ações consideradas conflituosas (como a proibição do funcionamento do X em 2024) e ações de regulação (com a criação de políticas públicas recentes, como o "PL das fake news", entre outros). A midiatização dessas formas de interação permite observar como diferentes atores intervêm: ou porque têm interesses na concentração midiática, ou para tirar proveito dos desertos de notícias que persistem no digital ou, ainda, porque têm interesse no uso político do “solucionismo tecnológico” que está atrelado às posturas discursivas das plataformas.

 

  1. SEMIOSE, EMOÇÕES E VÍNCULOS

As interações sociais mediadas por lógicas de midiatização, associadas à concentração de poder tecnológico, econômico e político das big techs tensionam o espaço público construído após as revoluções liberais. O cidadão, convertido em consumidor e o consumidor, em produto, são regulados pela lógica da economia da atenção. Aqui, se pretende discutir o vínculo sígnico que emerge de marcas e produtos, mas também como signos culturais (sob a forma de imagens materiais, não imediatamente mercantis) que se transportam no tempo e espaço para constituição de sentidos do presente, direcionando as interações e afinidades eletivas e estabilizando relações sociais na produção do comum e/ou do enclausuramento cultural, inclusive gestando polarizações. Neste eixo, também se discutirá o capitalismo comunicacional canibal (termo de Nancy Fraser), uma forma social que suga as energias sociais para acumular capital: a capitalização nas redes, que incide na atenção e nos afetos, devorando a própria substância social, como diz Fraser. A aceleração social é a) tecnológica, b) de mudanças sociais, c) do ritmo (tempo e espaço) de vida. Com ela, o tempo resulta escasso e o espaço se comprime. As soluções sociais se tornam técnicas e não políticas, ameaçando o espaço democrático da deliberação política. Nesse sentido, como acontecimentalizar (no sentido de Badiou) a política? Como eixo transversal, trata-se de pensar “midiatização” como alcance do termo e a abrangência dos processos.

 

1. GRUPOS DE TRABALHO – 19 a 23 de maio - remoto

 

A chamada está disponível em  https://midiaticom.org/anais/index.php/seminario-midiatizacao-resumos/submissao1 a partir de dezembro de 2024. Os temas dos grupos de pesquisa dialogam com o tema geral do Seminário, mas com flexibilidade de correntes e nos termos das perspectivas epistemológicas específicas da midiatização. Método: será dada continuidade aos processos estabelecidos nas edições anteriores do Seminário de Midiatização:

  1. Todas as submissões feitas em formulário OJS (https://midiaticom.org/anais/index.php/seminario-midiatizacao-resumos/submissao1), na seções pertinente.
  2. Todas as submissões passam por avaliação acadêmica e técnica por pesquisadores, com retorno por intermédio da plataforma OJS. Poderá ocorrer deslocamento de seções, conforme avaliação da Comissão Editorial do Seminário e trabalhos já submetidos serão distribuídos pelas seções já constituídas e ad hoc.
  3. Grupos de trabalho são distribuídos nas seguintes seções (editoriais - submissões)
    1. Seções de Temas Livres. Constituídos ad hoc. Submissões em português e espanhol.
    2. Seções de Interlocuções de grupos de pesquisa da Rede
      1. Seções Midiatização e Comunicação (liderado pelos pesquisadores Luiz Signates - UFG - e Tiago Salgado - IDP) – Submissões em português e espanhol. Confirmado.
      2. Seções Midiatização e Saúde (Patricia Saldanha – UFF – Brasil - e Sandra Meléndez - Universidad Autónoma de Bucaramanga - Colômbia) – Submissões em português e espanhol. Confirmado.
  • Seções Correntes nórdicas - institucionalistas e socioconstrutivistas - em discussão – Submissões em inglês. Em formação.
  1. Seções Correntes sócio-simbólicas – Escola de Grenoble – em discussão –Submissões em francês. Em formação.
  2. Seções Correntes semio-antropológicas – Brasil e Argentina – em debate. Submissões em português e espanhol. Em formação.

P.S.: submissões em seções em formação poderão ser deslocadas para seções históricas ou de temas livres.

  1. Seções consolidadas
    1. Epistemologias e teorias da midiatização
    2. Midiatização e jornalismo
    3. Midiatização e diferença
    4. Midiatização: plataformas, algoritmos e IA

 

  1. Os resumos ampliados são avaliados em formato de parecer duplo-cego e publicados em https://midiaticom.org/anais/index.php/seminario-midiatizacao-resumos/issue/archive
  2. Os encontros híbridos são de debate cooperativo em grupos de trabalho. Os encontros serão realizados na parte da manhã, considerando participação de pesquisadores europeus, em princípio em três manhas para cada grupo, em horários simultâneos para todos os grupos;
  3. A publicação de artigos completos, após revisões e formatação conforme orientações da Comissão Editorial Midiaticom, responsável pelos meios do Seminário Midiatização – em anais de resumos ampliados e artigos completos em Anais, avaliados conforme procedimentos e normas editoriais. Os artigos completos são publicados após debates e evento em https://midiaticom.org/anais/index.php/seminario-midiatizacao-artigos/issue/archive

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Os GTs funcionarão da seguinte forma:

  1. a) Apresentação, acompanhada de PPTs, de 10 minutos por trabalho
  2. b) Comentários ao trabalho por parte de pesquisador convidado da Rede – 5 minutos
  3. c) Discussão 15 minutos de discussão no grupo
  4. d) Total de reflexão sobre cada trabalho submetido: 60 minutos
  5. e) Cada GT terá até 10 trabalhos, que serão distribuídos, na grade de programação em 3-4 encontros de 3 horas cada um.

 

 

2. FORMATO DAS CONFERÊNCIAS E MESAS DE DEBATE

Em encontros presenciais na ECA USP, com acesso e debates também remotos, as mesas de conferências e debates se realizarão em formato híbrido, com pesquisadores presenciais em mobilidade na USP e na UFSM, articulados a outros em suas universidades, todos com acesso também remoto. Equipamentos serão contratados para eventos em sistema híbrido. Deverão ocorrer simultâneas a vinda de pesquisadores estrangeiros, inclusive com recursos de agências nacionais do exterior, sempre que possível. Em todas as mesas, haverá tradução simultânea (português-inglês). Os participantes dos GTs também participarão de eventos híbridos - presenciais e remotos.

Cada mesa durará de 3 a 4 horas, com uma hora para apresentação e discussão de cada conferência. No total, serão realizadas seis mesas, com pesquisadores conferencistas de 4 regiões do Brasil, além da Argentina, França, Suécia e Portugal. A programação completa será publicada em fevereiro de 2025.

3. Conferencistas

  1. ADA CRISTINA MACHADO SILVEIRA;
  2. AIDAR PRADO;
  3. ALINE ROES DALMOLIN;
  4. ANA PAULA DA ROSA;
  5. CLOTILDE PERES.
  6. ENEUS TRINDADE BARRETO FILHO;
  7. FAUSTO NETO
  8. GIOVANDRO MARCUS FERREIRA
  9. GORAN BOLIN;
  10. ILIA KIRIIA
  11. ISABEL LOFGREN
  12. JAIRO FERREIRA;
  13. JOSE LUIZ WARREN JARDIM GOMES BRAGA;
  14. LUCRECIA D ALESSIO FERRARA;
  15. LUIZ ANTONIO SIGNATES FREITAS;
  16. MARIO CARLON;
  17. PAULA DE SOUZA PAES.
  18. RITA FIGUEIRAS;

 

4. PUBLICAÇÕES

Os trabalhos submetidos aos Grupos de Trabalho serão publicados em Anais de Resumos Ampliados: https://midiaticom.org/anais/index.php/seminario-midiatizacao-resumos/issue/archive

Após apresentação e discussão, podem ser publicados em Anais de Artigos Completos: https://midiaticom.org/anais/index.php/seminario-midiatizacao-artigos/issue/archive

As conferências serão publicadas em https://midiaticom.org/anais/index.php/triviis/issue/archive

Posteriormente, são publicados livros de debates (em inglês e português): https://www.midiaticom.org/e-books/

 

 

COMISSÃO ORGANIZADORA

Jairo Ferreira (UFSM/USP)

Eneus Trindade Barreto Filho (ECA USP)

Ada Cristina Machado da Silveira (UFSM)

Ana Paula da Rosa (UFRGS)

Aline Roes Dalmolin (UFSM)

 

COORDENAÇÃO GERAL DOS GTS DO SEMINÁRIO MIDIATIZAÇÃO

Dr. Jairo Ferreira (POSCOM-UFSM/ECA-USP)

Dr. João Damásio (PPGCE-UFU)

Dr. Mauricio Fanfa (POSCOM-UFSM)

 

EDITORES ASSOCIADOS

Dr. Dinis Ferreira Cortes (MIDIATICOM)

Dr. João Damásio (PPGCE-UFU)

Dra. Lauren Ferreira Colvara (UNIFEI)

Doutoranda Luisa Schenato Staldoni (MIDIATICOM)

 

COMITÊ EDITORIAL

Prof. Dr. Ricardo Zimmermann Fiegenbaum (UFPEL)

Prof. Dr. Joanguete Celestino (Eduardo de Mondlane University/UFSM)

Prof. Dr. Hermundes Flores (Unileste)

Prof. Dr. Demétrio de Azeredo Soster (UFS)

Prof. Dr. Ângelo Neckel (Uniasselvi)

Prof. Dra. Lauren Ferreira Colvara (UNIFEI)

Dra.. Camila Hartmann (Midiaticom)

Ms. William Martins (Midiaticom)