Sonhar é Resistir: Juventudes Negras, Circulação Midiática e Pedagogias de Morte e Resistência na Maré
Resumo
O artigo analisa a atuação do coletivo Redes da Maré na construção de narrativas contra-hegemônicas sobre juventudes negras periféricas. A partir da análise do vídeo “É preciso estar vivo para viver”, o estudo investiga como práticas de circulação midiática tensionam a necropolítica — conceito de Mbembe (2018) que define quem pode viver e quem deve morrer — e ativam pedagogias de resistência, que afirmam o direito à vida, ao sonho e à narrativa própria. Fundamentado em autores como Sodré (2002), Grohmann (2020) e Silva (2024), o artigo compreende a comunicação como espaço de disputa simbólica e produção do comum. O vídeo analisado é explorado como estratégia comunicacional que articula linguagem visual, sonoridade e afetos, mobilizando identidades negras e projetando futuros possíveis. Ao dar visibilidade aos sonhos de jovens moradores da Maré, o coletivo rompe com os estigmas impostos pela mídia hegemônica, criando uma esfera pública descentralizada e mediada por vozes subalternizadas. A pesquisa demonstra que resistir, nas favelas, é também narrar, imaginar e fazer circular sentidos que confrontam a pedagogia da morte, revelando a potência da comunicação na criação de mundos possíveis e na afirmação da vida negra.