Pedro Gilberto Gomes 200 locidade do pensamento, preparando uma revolução no campo da pesquisa28. Nesse caso, desaprova severamente os críticos dos meios de comunicação ao afirmar: Todos estes progressos, e tantos outros mais, fa- zem sorrir a certa filosofia. Máquinas comerciais, ouve-se dizer, máquinas para gentes apressadas, para ganhar tempo e dinheiro. Cegos, e mais que cegos, dá vontade de dizer-lhes. Como não perce- beis que estes instrumentos materiais, inelutavelmente ligados uns aos outros, em suamanifestação e em seu desenvolvimento, não são afinal senão as linhas de uma espécie particular de supercérebro, capaz de elevar-se até dominar algum supercam- po no Universo e no pensamento?29 Muito embora não o cite explicitamente, há, nas po- sições de Rosnay, lampejos que se assemelham às ideias de Teilhard de meio século atrás. Rosnay apresenta três olhares complementares para melhor destacar a relação entre ciência, tecnologia, sociedade e impacto sobre o homem30: reticulação, coevolução e conexão. Para ele, são palavras-chave na reflexão sobre o assunto. A primeira engloba o papel do microcomputador na formação de redes planetárias de comunicação interpessoal. A segunda se relaciona com os efeitos de sinergia que conduzem às evoluções tecnológicas convergentes. A terceira, por sua vez, sublinha a importância das interfaces entre as máquinas e entre as máquinas e as pessoas. Parafraseando o autor, numa perspectiva sociocomuni- cacional, devemos inovar nos nossos sistemas de analisar e pesquisar os processosmidiáticos numa sociedade emmidiatização. Nossa reflexão apoia-se e encontra seus fundamentos na discussão acima explicitada. A pesquisa em comunicação, por tratar dos meios particulares, individuais, esqueceu a ambiência 28 Cf. ibid. 29 Ibid. 30 ROSNAY, 1986, p. 18.
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