Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Midiatização: o que se diz e o que se pensa 25 qual a razão maior das ações, deliberações ou deveres que nos são exigidos ou possibilidades de vida e atuações em relação às quais temos direitos. A consciência acompanha o pensamento crítico, mas o ultrapassa, porque exige a avaliação do contexto de cada um e a ação condizente e adequada a cada momento. Paulo Freire propôs e pregou o desenvolvimento de um pensamento crítico através da consciência do cotidiano de cada um, da infância à maturidade, da criança à terceiridade. Esse é o programa da revolução proposta por Paulo Freire para concretizar o ideal de uma democracia do futuro sem letramentos ou modelos, porque a consciência crítica se propõe como nova a cada dia de distintos contextos: uma cultura que se exige sem modelos, embora com ideais que não são idealizados, mas trabalhados a cada dia e renovados em cada consciência capaz de crítica. Cabe a esse outro modo de ser/estar em consciência entender o letramento midiático não como aprendizagem de uma com- petência tecnológica, mas como exigente observação que não se nega ao desafio de descobrir aquilo que ainda pode não ter sido apresentado, mas já se propõe como outro convite de vida (Michael Forsman). 6. Apresentar para midiatizar Nessa apresentação, não tivemos outro objetivo senão tornar explícitos os debates sugeridos pelos trabalhos que, às voltas com a midiatização e suas provisórias definições, procu- raram revisitar conceitos e tendências, consagradas em distintas teorias da comunicação. Apresentando certezas e definições, aqueles conceitos não alcançam apreender as insinuações pro- postas pelo viver entre interações, enquanto manifestações midiatizadas que recusam tecer definitivas midialogias. Essa recu- sa impõe aos pesquisadores da midiatização e sobretudo àque- les reunidos nos Seminários de Midiatização e Processos Sociais desenvolver longo exercício que prevê observar, empiricamente, processos de midiatização, a fim de ser possível inventar outro modo de estudar a comunicação, distante da linearidade teórico-explicativa que atinge programas e roteiros midiáticos.

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