Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Circulação de rostos: da fórmula mágica à resistência 185 Figura 09 – Frame do vídeo Chega de racismo do projeto Nenhum a menos Fonte: Onrec Audiovisual/Redes da Maré. 4. O rosto como ética A partir da proposição que viemos desenvolvendo já há algum tempo de que a circulação se configura como rela- ção de atribuição de valor (ROSA, 2016, 2019), os observáveis aqui apresentados nos permitem considerar que a imagem que circula é fruto de uma disputa intensa por sentidos. Aquilo que ganha visibilidade é resultado de operações de poder, de exclusões, de apagamentos e, em contrapartida, de valorizações. O poder aqui não é o do Estado ou o institucionalizado, mas o poder que se exerce na própria interação ao valorar o outro, ao colocar em tensão as gramáticas de produção e de reconhecimento. Neste aspecto interessa-nos reforçar a diferença en- tre a condição de visibilidade e a condição de reconhecimento. A condição de reconhecimento antecede o reconhecimento em si, dá conta de pessoas que podem ser reconhecidas den- tro de parâmetros e normas preestabelecidas. A condição de visibilidade precede o acesso ao espaço discursivo midiático, relaciona-se à noção de existência enquanto sujeito. Ante es- tas duas formulações, no caso aqui explorado, o conjunto de crianças que possuem suas imagens expostas como símbolos de vida e de sobrevivência possui a condição de visibilidade,

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