Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Midiatização: o que se diz e o que se pensa 19 lógicos, eletrônicos e digitais devem ser consideradas, quando tentamos entender aqueles meios como instrumentos de um método para inventar. Enquanto tecnologia, esse método é tau- tológico e parece não admitir experimentações; ao contrário e cada vez mais, supõe certezas que atuam como práticas auto- máticas e produzem efeitos esperados: fala-se de códigos e re- des confiáveis, tendo em vista a mutação, mas a transmissão ou reconfiguração daqueles códigos, através de algoritmos e pla- taformas. Se entendermos que mediatização é uma experiência voltada para o inventar, é necessário entender que a invenção é risco que deve contar com as imprevisibilidades que limitam todas as certezas e fazem da experiência uma aventura, feita de tentativas produzidas na transversalidade do conhecimento estabelecido (José Luiz Braga). Porém, se a entendermos não como tentativa, mas como rotina liderada por códigos ou modulações tecnológicas, podemos transformá-la em hábito que se reproduz de modo previsível e autoexplicativo, como um algoritmo. Entretanto, surge um descompasso daquele hábito. Se aplicada aos processos sociais, amidiatização é tão aberta e complexa quanto o são as sociedades e exige ousar trabalhar com sistemas em fluxo de mudança, mais voltados para experiências de invenção do que para certezas de aprendizagens aplicativas. Uma revolução que transforma a produção de conhecimento em um fluir incerto e imprevisto, que tudo admite como método in- ferencial, mas nada promete, embora crie teorias intermediárias para a comunicação (José Luiz Braga). Uma revolução nos meios de aprender que impõe a necessidade de rever, no seu fluxo de transformações, todas as previsibilidades aplicativas, pois podem insinuar diferenças que, não raro, são interpretadas como possíveis acidentes de percurso e acabam por ser, portanto, ba- nalizadas (Sandra Massoni, Eneus Trindade, Göran Bolin). Nesse caminho, surgem imprevistos fenomênicos, como o acontecimento. Mario Carlón estuda o acontecimento na sua evidência cronológica e, portanto, interpretado como evento histórico, previsto em causas e consequências. Observa-se, en- tretanto, que, ao contrário da dinâmica do evento, o aconteci- mento é capaz de atrair olhares para o inusitado ou espetacular midiático; ou seja, acontecimento não se confunde com o even- to histórico e não se deixa permear por causas e consequências

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