Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

A pandemia entrelaçando-se com a midiatização 293 diatização em curso faz com que a universidade se transforme em complexa matriz interacional, ofertando, recebendo e en- trelaçando conhecimentos de acordo com discursos sociais, cujas operações destacam-na como uma espécie de “máquina significante”. O percurso aqui desenvolvido pretende examinar, ain- da que de modo condensado, alguns aspectos que envolvem o “desembarque” da pandemia no tecido universitário a partir de três matrizes de comunicação que envolvem: os postulados da mediação; suas práticas permeadas por lógicas e operações de midiatização; e o entrelaçamento das duas primeiras. Destaca- mos, particularmente, como aspecto mais recente, as marcas de interpenetrações da pandemia na universidade, as quais são provocadas pela midiatização enquanto “fato comunicacional”, chamando atenção para o impacto que têm sobre projetos de es- tudos e de pesquisa; processos de aprendizagem experienciais e laboratoriais; interação com outros sistemas; e formas de coo- peração com a sociedade. Em suma, reflete-se sobre a condição da universidade enquanto lugar gerador de processos observacionais e interacionais que são tecidos, segundo fundamentos e práticas comunicacionais (WESCHENFELDER et al., 2021). Ao chamarmos atenção para a pandemia como questão comunicacional, recordamos que a disseminação da AIDS, nos últimos anos do século passado, esteve fortemente asso- ciada a matrizes discursivas “mass midiáticas”. Estas se constituíram em “elos intermediários” de sua discursivização se- gundo regras e estratégias associadas às lógicas informativas, apontando a singularidade da sua existência e de sua manifestação enquanto uma “doença da atualidade”, isto é, algo que se fazia discurso, segundo enunciações midiático-jornalísticas. Em tempos atuais, a pandemia também guarda relações com matrizes comunicacionais, porém de modo distinto. Para fazer face a uma das possibilidades de contenção do avanço do vírus, visando evitar seus alastramentos e efeitos, decretou-se a interdição de dois pilares dos processos interacionais – contato e aglomeração – entre indivíduos. Como consequência, proces- sos tecnomidiáticos passam a ser instância a operar entrelaçamentos complexos e constituem uma nova paisagem comuni- cacional, especialmente na universidade, como um subsistema

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