Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

A construção comunicacional da realidade 39 Então, esse é o nosso trabalho. Eu diria que é de ordem praxiológica do conhecimento comunicacional. Não basta o co- nhecimento profundo das tecnologias, que é importante, mas é necessário saber o que a sociedade está fazendo, eventualmente de modo equivocado com estas affordances, com essas funcio- nalidades da tecnologia. Eu acho que é isso, Ciro, que mais ou menos sintetiza o que eu penso. É isso. Jairo: Muito obrigado, Braga. Muito obrigado, Ciro. Nós, na medida em que andamos aqui, eu já estou, no andar da carroça, organizando aqui as melancias. Pois bem, então nós vamos ajustar o andamento da conversa. Eu tomo a liberdade para convidar o professor José Luiz Aidar Prado a fazer a sua pergun- ta online. Por favor, Aidar. Aidar Prado: Olá. Na verdade, eu coloquei no chat aqui, mas vou ler para o Braga, mas atravessa um pouco a fala do Ciro também. Eu gostei muito da tua ideia de aprendizagem, ligada ao enfrentamento de crises, o que me leva a pensar a ideia de acontecimentos como a abertura de novos mundos. Mas eu pen- so ser necessário caracterizar essa aprendizagem para além do puramente cognitivo. Ou seja, não apenas no nível da informa- ção e do cognitivo, mas de um saber que considere o sensível, o corpo e o inconsciente. Isso exigiria pensar o sujeito não a partir da posse de atributos, mas como lidando com a indeterminação, e aí talvez isso conectasse mais com o Honneth do que com o Habermas. E aí eu pediria só para você comentar um pouco essa direção da aprendizagem, que eu acho que cruza também com a tua ideia de experimentação. Não seria uma experimentação puramente cognitiva, mas uma experimentação que tivesse esse registro acontecimental. Ciro: Eu achei muito interessante o Aidar trazer esse questionamento porque para mim também pareceu que o Braga havia dado uma ênfase muito grande na questão cognitiva. Eu também sou favorável a um olhar que desvia ou que amplia as preocupações para o sensível, para o corpo, para o inconsciente, ou, como se falou aí, para o indeterminado, sobre a indetermina- ção. E isso nunca havia sido efetivamente explorado por nossa área do conhecimento. Estivemos muito tempo ligados a isso que se tratou aqui como racionalidade, que a racionalidade é que ex- plicava, entre aspas, a comunicação, quando, na verdade, minha

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