Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Eneus Trindade 98 no cotidiano. Este tipo de pesquisa vai ao encontro do trabalho de Bucher (2017) que, como citado anteriormente, discute so- bre o imaginário de percepções sobre os algoritmos e coloca em tela a discussão dos efeitos e da recepção que se apresentam, como abordagem com grande potencial a ser explorado no cam- po das pesquisas sobre o tema. Por fim, os processos sobre interações digitais pressupõem como processo analítico a análise semiopragmática à compreensão dos processos de enunciação em redes digitais e de suas lógicas e fluxos narrativos. Aqui cabe a junção da perspectiva do Ator-Rede de Bruno Latour (2012) como elemento articulador dos fluxos narrativos em redes digitais, observando as marcas, suas expressividades, não apenas como discursos, mas como actantes e atores do processo, percebendo na sintaxe semântica desses fluxos os programas narrativos dos actantes e suas manifestações em discursos como atores, na tematização e figurativização das temporalidades e espacialidades discursivas manifestadas na atualização discursiva das plataformas de in- terações em redes. Esse processo também exige compreender a enunciação como comunicação em processos produtivos, de circulação e consumos e apropriações de discursos no campo social extratextual das mídias, mas capazes de circular significações e sentidos; daí a importância da sociossemiótica de Lan- dowski (2014). O protocolo tradicional da semiótica narrativa e discursiva já existe e só necessita de adaptações à realidade das narrativas e discursos do digital, algorítmico, considerando as formas de vida que extrapolam as formas textuais, mas que são carregadas de significações e sentidos. Ressalta-se que o campo das circulações e consumos exige uma competência antropológica da cultura para detectar os usos e consumos midiáticos, necessitando, para além das compreensões sociodiscursivas, uma visão etnográfica e etnoló- gica para a compreensão total dessa mediação comunicacional da cultura da humanidade digital, via algoritmos e indivíduos em seus contextos de vida. Só a partir disso torna-se possível acumular um con- junto de informações sobre as formulações discursivas da publicidade algorítmica e analisar os regimes de interação em suas manifestações concretas.

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