Sapiens... qui nesciat. A aprendizagem social e o Homo sapiens midiatizado 59 ou ilegítimos, são caracterizados pelo encontro entre as funcionalidades das tecnologias e os acionamentos sociais, em seus contextos de ação. Com essa preocupação devemos investigar a fundo as consequências indesejáveis (intencionadas ou não) de tais jogos entre affordances e acionamentos sociais – refletindo sobre as condições sociais que desqualificam os processos comunicacio- nais e intensificam polarizações. .5. Como vimos, a sociedade habitualmente integra circuitos críticos em seus processos de experimentação. O processo de midiatização por redes digitais, entretanto, ainda não gerou um nível crítico suficiente sobre o que se faz, sobre seus modos e consequências. Um dos usos sociais das affordances oferecidas pelas tecnologias de rede tem sido, ao contrário, o de redes “entre iguais”, com exacerbação de convicções não testadas, que só têm validade para o próprio grupo social isolado em suas convicções. Parece se manifestar, aí, uma tentativa de evitar o debate e recu- sar as experimentações abertas, substituindo-as por “certezas ad hoc” – que evidentemente só funcionam em circuito fechado. A superação desse quadro passa pela criação de condições que esti- mulem a aprendizagem e a aceitação da crítica produtiva. .6. O conhecimento comunicacional, na medida de seu desenvolvimento crítico, pode representar uma contribuição significativa para as demais CHS, quando se trate de estudar ou de enfrentar os desafios postos pela midiatização (como processo interacional de referência) para todos os campos sociais, na medida em que estes sofrem incidências processuais ou buscam avanços em suas próprias atividades pelo acionamento das affordances e potencialidades das tecnologias. Isso se faz não por uma formulação técnica, na lógica de uso de recursos materiais, mas sim por processos de aprendizagem, de experimentação e de crítica, em um trabalho de reformulação dos modos de inte- ração antes habituais.
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