Sapiens midiatizado: conhecimentos comunicacionais na constituição da espécie

Eneus Trindade 96 tísticas) e intencionalidades, para a constituição de uma sintaxe, uma ordenação como base nas ocorrências e funções possíveis previstas aos usuários-consumidores, isto é, as affordances, que na percepção humana não se mostram visíveis, já que a semantização e ordenação sintática são processos invisíveis no proces- samento de organização e dados dos algoritmos em softwares, restando-nos apenas o acesso às significações pelas dinâmicas pragmáticas das interações e seus regimes de sentidos. Por outro lado, a configuração de affordances, a partir da circulação na interação com o consumidor e suas formas de apropriação, possibilita na dinâmica de IA ajustes do algoritmo ao real acidental (positivo ou negativo para as marcas); essa nova semantização e sintaxe se constitui dentro de uma pragmática da linguagem digital, ‘matematizando’ a vida social. A proposição de uma discussão semiopragmática se faz justificar justamente por conta do aspecto ontológico do signo digital, algoritmo, que em sua escritura e narratividade busca determinar, na interface com o humano, os sentidos que podem se estabelecer na vida cultural em detrimento de outras possibilidades. Entram aí, para além da discussão dos interesses co- merciais, as intenções éticas, morais que se constituem nas relações humanos e IA. O que pretendemos dessa inteligência? Que sociedade de consumo queremos? O alto nível de regularidade das interações nas intenções programadas comercialmente, compreendidas em seus contextos, pode levar a uma sociedade que valoriza o sentido do rentável para poucos na lógica da pro- dução em detrimento dos interesses da maioria da sociedade de consumidores. Que sociedade de consumo queremos? Susten- tável? Egoísta ou altruísta? Como pensar a coletividade, nesta lógica? Os algoritmos serão o que programarmos para que eles funcionem. A semiopragmática da mediação cultural sígnica dos algoritmos para o consumo surge como uma proposta que pas- sa pela agenda da compreensão dos seus signos estruturantes (morfologia e semântica), suas regras de ordenação (sintaxe) e nas interações das lógicas de funcionamento (pragmática) da- das nas circulações, usos e consumos para as apropriações de sujeitos e instituições da vida social.

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